Práticas para uma Horta Biológica: 4. Consociação de Culturas

A consociação de culturas consiste em cultivar duas ou mais espécies diferentes no mesmo espaço simultaneamente, resultando em efeitos benéficos para o cultivo. A consociaão de culturas não é uma mistura aleatória de espécies!

O que não fazer em consociação de culturas

• Não se deve fazer consociação com plantas da mesma família.

Como, por exemplo, o tomate, a beringela e a batata (para saberes mais sobre as famílias de hortícolas consulta o nosso artigo Práticas para uma Horta Biológica: 3. Rotação de Culturas). Cultivar no mesmo espaço plantas da mesma família pode ser prejudicial por consumirem o mesmo tipo de nutrientes e atraírem as mesmas pragas e doenças.

• Não juntar espécies com estruturas radiculares semelhantes

Quando estamos a planear as consociações para a nossa horta, devemos ter em atenção como é a estrutura radicular das plantas que estamos a juntar. É importante que estas não se pertubem ou compitam demasiado abaixo do solo. Devemos tentar combinar raízes mais enlongadas e profundas com raízes mais curtas e superficiais.

• Não juntar espécies com crescimento superfical semelhante

Este é semelhante ao princípio anterior, devemos ter em atenção que as espécies plantas não tenham estruturas semelhantes que possam competir por espaço. Devemos tentar juntar plantas que cresçam em sentidos diferentes, por exemplo, o milho que cresce na vertical com a abóbora que cresce na horizontal junto ao solo. Assim, vamos utilizar todo o espaço da melhor forma.

Porquê fazer consociação de culturas

Há muitas razões pelas quais é benéfico fazer consociação de culturas.

• Suprimir o aparecimento de ervas daninhas, especialmente se estivermos a maximizar a utilização do espaço. (Quando não preenchemos o espaço, a natureza fá-lo por nós!)
• Combater pragas e doenças, especialmente aquelas que são transmitidas pelo solo. Ter biodiversidade torna a nossa horta mais resiliente, uma vez que diferentes plantas atraem diferentes tipos de pragas e doenças.
• Melhorar a estrutura do solo, alternando os tipos de raízes e adicionando diferentes formas de matéria orgânica à superfície, o que ajuda a criar uma terra rica e friável.
• Manter níveis de fertilidade equilibrados usando diferentes plantas com diferentes necessidades, bem como algumas com valiosas contribuições do solo, como as leguminosas fixadoras de nitrogênio.

Como fazer consociação de culturas

Existem inúmeras tabelas de consociações favoráveis online, neste artigo vamos dar dicas para poderes realizar as tuas próprias e vamos também dar alguns exemplos.

As regras mais importantes são:

• Evitar plantas da mesma família no mesmo agrupamento.
• Procurar plantas com necessidades de água semelhantes para agrupar.
• Escolher plantas com diferentes sistemas de raízes para que não compitam no subsolo.
• Considerar como o grupo de plantas pode afetar a luz solar um do outro. Sombra nem sempre é mau, mas pode ser para a planta errada.
• Combinar plantas com diferentes taxas de crescimento (assom não interferirão umas com as outras nos pontos mais cruciais de desenvolvimento).
• Incluir leguminosas e adubos verdes, pois ajudam a revitalizar continuamente os solos.
• Incluir espécies, como ervas aromáticas, que ajudam a repelir insetos.

EXEMPLOS:

·        Tomate e manjericão

·        Abóbora, milho e feijão (abóbora cobre o chão, o milho cresce em altura e o feijão trepa o milho).

·        Batata e feijão (o feijão pode ajudar a proteger do escaravelho da batata)

·        Couve repolho e aipo (aipo ajuda a repelir a lagarta da couve; preenchimento do espaço)

·        Cenoura e alho francês/cebola/ervilhas (previnem a mosca da cenoura)

 

Vantagens

Em resumo, os principais benefícios da consociação são:

• Menor incidência de plantas não desejadas entre as culturas;
• Melhor aproveitamento da terra, da água e do sol;
• Algumas combinações de plantas podem melhorar ou acentuar o sabor de uma ou ambas as espécies.
• Aumento da biodiversidade de predadores é essencial para ajudar a limitar surtos de pragas.
• Redução da homogeneidade da cultura aumenta as barreiras contra a dispersão biológica de organismos de pragas através da cultura.

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