
Jardins de Polinizadores - O que são, porque são importantes e como fazer
Porquê fazer?
Atualmente, são cada vez mais raros os prados silvestres e as florestas autóctones, em vez disso, vemos estradas, relvados, edifícios, parques de estacionamento e agricultura intensiva de monoculturas. O betão vai conquistando cada vez mais espaço no nosso país (e em tantos outros) e assim vai diminuindo o número de espécies presentes no nosso território.
Tudo está interligado no nosso planeta e a perda de espécies tem impacto noutras espécies que delas se alimentam. Fungos e bactérias decompõe matéria orgânica, transformando-a em fertilizante para as plantas, por sua vez as plantas produzem néctar ou frutos, de que se alimentam animas e insectos. Além do seu papel na cadeia alimentar, muitos insectos, aves e outros pequenos animais, têm ainda um papel importante na reprodução sexual das plantas. Transportando pólen de flor em flor, permitindo a fecundação de zigotos que darão origem a sementes diversas.
Devido à interdependência da vida, as implicações da perda da biodiversidade podem fazer sentir-se então como um efeito dominó. Salvaguardar e criar pequenos santuários para espécies autóctones é agir de forma a salvaguardarmos a nossa própria existência neste planeta.
Criando jardins de polinizadores estamos a garantir que naquele espaço, protegemos plantas, insectos e outros animais que são condições chave para a existência de tantas outras espécies. Além disto, como veremos neste artigo, é mesmo muito simples fazer parte desta solução.
Vamos então ver como podemos ajudar a criar e preservar estes pequenos habitats?
Como criar um jardim de polinizadores?
1 – Diga não aos pesticidas
Bem, este passo pode parecer óbvio, mas é mesmo o mais importante na preservação dos polinizadores. Juntamente com a perda de habitat o uso generalizado de pesticidas está a causar a diminuição drástica da população de insectos.
2 - Escolher o espaço ideal
Podemos ajudar os nossos amigos polinizadores até com umas plantas na varanda. (Já veremos mais à frente exemplos de que plantas poderão ser essas. ) No entanto, caso tenha espaço, mais vale escolher um espaço adaptado a esta função. Aconselha-se um espaço com pelo menos 6h de sol directo, com uma fonte de água por perto e num sítio em que seja possível apreciar a sua beleza.
3 – Escolher plantas
O ideal será escolher flores de:
- plantas autóctones, ou seja, naturais da sua região, pois estas serão as que mais provavelmente terão um maior número de simbioses com a fauna local.
- de preferência, incluir plantas autóctones e de floração longa, ou seja, que tenham um período longo do ano em que estão a florir
- incluir plantas o mais variadas possível e com alturas de floração diversas, isto é, que floresçam em diversas alturas do ano, para que haja sempre néctar.
Alguns exemplos que poderão fazer sentido, dependendo do local:
- As aromáticas nativas da nossa região - Rosmaninho, tomilho, alecrim, orégãos, funcho
- Flores de prado nativo – chicória, marianas, cardo leiteiro, estevinha, alfava dos montes, planta do caril, borragem*, papoilas*, malmequer*, calêndula*
- Plantas mais arbustivas ou para sebes - Madressilva, roselha, rosa brava
* plantas anuais
4 – Semear e Plantar
Semeie e plante as plantas selecionadas.
Devemos dar prioridade às plantas perenes, pois estas vão garantir a longevidade do seu jardim de polinizadores e têm por vezes mais dificuldade em estabelecer-se, especialmente se for de semente (pois as anuais crescem mais rapidamente e ocupando espaço e fazendo sombra.) Se reparar, na beira da estrada e em centros urbanos, é fácil encontrar plantas anuais como a papoila, os malmequeres, etc.
No primeiro ano, plante anuais, porque é uma seca esperar dois anos até ver flores! Mas mantenha sempre a atenção para que as perenes plantadas/semeadas tenham sol e água.
Dica: tente perceber quais são as plantas que vão ficar mais altas e plante essas no centro ou atrás de forma a não fazerem muita sombra ao seu prado no futuro.
Outra dica: tente plantar as plantas “em massa” e não uma aqui, outra ali. A natureza também o faz assim. Ao plantarmos as plantas próximas, estamos a aumentar o número de possíveis simbioses e a criar uma massa de cor e cheiro que atrai os polinizadores. Além disso, quando cobrimos o solo sem deixar bocados a descoberto, estamos também a criar as condições ideais para a vida do solo – minhocas, pequenos insetos e microbioma.
5 – Abrigos, poisos e bebedouros
Se queremos atrair e reter animais no nosso jardim de polinizadores, então devemos garantir que têm abrigos, poisos e bebedouros.
Montes de pedras, madeira morta, pauzinhos empilhados, montes de palha, casas de pássaros e hotéis de insetos são todas soluções fáceis e económicas para abrigarmos diversas espécies de animais.
Além disso, é vantajoso fornecer locais onde várias espécies possam beber água – uma maneira muito simples de o fazer é ter taças (de diferentes tamanhos) com pedras e água em diferentes locais.
Por fim, deixar as plantas secas ficar durante um período é também importante. Costumamos podar as plantas de flor ornamentais assim que passa o verão e chega o outono, mas é importante deixar durante o inverno até à primavera seguinte, pois as cabeças das flores secas, as vagens de sementes são excelentes abrigos e fontes de alimento para muitos animais.
Esperamos que o artigo tenha sido esclarecedor. O importante é começar!
Bons cultivos!!